Há muito, todos os povos, pelos clarins dos profetas, esperavam recebê-lo. Havia certa expectativa por algo inusitado, transcendental, que influenciaria o destino da raça humana. Astrólogos consultavam os céus em busca de algum sinal. Magos e pitonisas reviam fórmulas complexas com a pretensão de revelar o futuro. Profetas sentiam vibrar-lhe na ânima um aquecimento inexplicável. Profetizas pretendiam emprestar-lhe os úteros. Sacerdotes preparavam seus luxuosos templos na intenção que Ele adentrasse em triunfo.
Nessa época o império romano sob a sanha de Otavio Augusto dominava o mundo e abafava com seus braços fortes, a revolta, vivia-se um período de passividade, enganadora. Então numa pequenina e paupérrima cidade israelita, quando num silêncio noturno, porém retumbante, uma brilhante estrela se destaca entre as demais e aponta aos peregrinos o lugar que procuravam e mostra-lhes O libertador (que irá li-ber.tar.a.dor). O recinto que fora transformado, às pressas, em sala de parto, era humilde, porém aquecido entre andrajos e pelo calor humano dos humildes que vieram lhe visitar. Os olhos do Menino magnetizavam a todos pela estranha e intensa luminosidade e provocavam inquietantes perguntas na alma. Lá fora entre as vagas luzes dos pirilampos, sussurros invisíveis entoavam uma musicalidade mística entendível como: Bem aventurados os homens e mulheres de boa vontade, pois hoje nasceu a Luz do mundo, o ocaso das trevas!
Sim veio até nós aquele que é o antes e o depois de todas as coisas! Ele veio organizar a casa planetária e colocá-la no eixo espiritual, que está além da matéria!
Palácios se abriram de porta em porta para recebê-lo com honrarias, mas ficaram vazios! Cetros de ouro foram confeccionados para que Ele os empunhasse, mas tornaram peças de adornos! Pois na certeza do caminho a seguir, ele abraçou ao anonimato de uma vida simples no colo maternal de Miriã/Maria, a esposa amada de Deus.
Ele veio despertar a memória de Deus adormecida em nós, onde seu templo de ensino eram os montes elevados da Judéia, às margens do mar da Galiléia, nas casinhas singelas de Carfanaum, sob o lusco fusco do entardecer, através dos discursos simples, para os simples, para os doentes, cuja doença era a sede de se tornarem autênticos, ante àquela malta que tornava tudo e todos pastos dos interesses de Roma, a prostituta. Despertava interesses aos impuros e marginalizados, para em contrapartidas devolver-lhes referências dignas.
Ele falava de estados potenciais que carregamos e que podem nos curar: Tua fé te salvou!
Deixava claro, que necessitamos nos lembrar, que saímos de casa e que por isso andamos por desertos a esmo e que Ele seria a porta, que entrando nos retornaríamos aos braços do Pai. Seu discurso não destruiu a religião de seu tempo, como se pensa, apenas dava-lhe o cumprimento certo, que as elucubrações mundanas vulgarizaram. Criticava relações exclusivistas: Vim causar divisão entre pais e filhos!
Enfatizava com freqüência a lei de responsabilidade pessoal: O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai dela!
Alertaria quanto ao nosso modo de olhar: São teus olhos a lâmpada do teu corpo. Se os teus olhos forem bons e precisos, todo o teu corpo será luminoso, mas se forem maus e imprecisos todo o teu corpo ficará em trevas!
Pois bem meus irmãos de Dores de Campos, o Emmanuel trouxe-nos a consolidação de uma boa notícia: Somos todos projetos em ascensão. Bem aventurados seremos se acatarmos, voluntariamente, as determinações do processo das bem aventuranças. Pois de etapa em etapa se tornará possível o desdobramento de Reino de Deus inserido nas entranhas da nossa própria alma.
Feliz Natividade!